sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PALAVRAS FALADAS, LÍNGUAS VIVAS


Pensar em português, viver em português, sonhar em português. A individualidade misturada a milhões de outras individualidades criando um único ser chamado Língua Portuguesa. As distâncias criam particularidades e diferenças de gostos, cheiros, sons, gestos e jeitos de ser; tristes ou alegres, porém com um colorido único que constitui cada protagonista da língua.
Duzentos milhões de pessoas sonham em português. Sonhos que fazem parte de vidas unidas pelo mesmo idioma, protagonista de histórias, culturas e crenças. Indivíduos. Sujeitos. pessoas que vivenciam experiências, pensamentos, memórias, concretizados na palavra. Palavra de um único falar. Rompendo a barreira do tempo, das guerras, da política; a Língua Portuguesa ganha vida "como a água que se bebe, o ar que se respira e o sangue que corre nas veias". Um fluido que faz a vida ganhar essência, ter alma. Um espírito que dá rosto, expressão a cada um, uma individualidade que é o sopro que vivifica o todo.
Cada crença, cada história, cada cultura, se materializa quando tomados pelo espírito da língua, a expressão máxima do "EU" que se configura pouco a pouco em "NÓS". É pensar nela como símbolo da diversidade, da quebra de paradigmas. A resistência do som falado. Não por querer ser o que era, mas um querer ser diferente, compreendido e de certa forma concreto como as mudanças. Perceber essas culturas que se comunicam em português é sentir o peso da própria voz, da vontade de querer existir. Em cada falante há uma carga de emoções únicas: saudade, musicalidade que torna cada um responsável por manter viva e atuante a língua que nos une.
A vivacidade e o dinamismo da "língua-vida", fez com que ela, como citado por Mia Couto, "perdesse seu dono". Perdesse as amarras, as barreiras, e através de seus filhos e filhas, voasse pelo tempo, viajasse pela história e construísse sua identidade. Agora ela é a "língua-mãe", que une a diversidade dos falantes na certeza de querer ser ouvido e ao mesmo tempo dar ouvidos a quem precisa. As marcas da historicidade das culturas dos falantes de língua portuguesa se assemelham, nesse contexto de influências, à tentativa de ressignificar o desprezível, o fraco, o diferente, o pobre que se recheia em riqueza.
A batida, o entoar de vontades de ser aquilo que se deseja, é o que faz desse universo heterogêneo de se falar um todo comunicativo que se eterniza em cada filho seu. Filhos com cultura e identidade própria, únicos em sua individualidade, porém os mesmos em essência.
(Texto produzido no 2º encontro de formação do GESTAR II pelos professores André Luiz, Ataíde, Cleonice, Juvenor e Valcir)

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